Poços tenta atrair fabricante de latas para atender Heineken em Passos

Multinacional planeja investimento de R$ 1 bilhão para instalar unidade no Sul de MG

Poços tenta atrair fabricante de latas para atender Heineken em Passos
A demanda da futura planta da Heineken em Passos pode ser atendida com a chegada de uma indústria de latas de alumínio em Poços de Caldas (Reprodução)

Poços de Caldas, no Sul de Minas, deve anunciar, nas próximas semanas, a instalação de uma multinacional fabricante de embalagens para alimentos e bebidas. Uma fábrica de latas de alumínio deverá chegar à cidade mediante aportes da ordem de R$ 1 bilhão, gerando centenas de empregos.

A repórter Mara Bianchetti, do “Diário do Comércio”, apurou que uma empresa, braço de um grupo polonês, chega ao município – distante cerca de 180 quilômetros de Passos – para atender à Heineken, que vai construir uma cervejaria na cidade.

No mês passado, o “Diário do Comércio” noticiou que a região, especialmente a prefeitura de Passos, tem trabalhado na formatação de um cinturão de fornecedores para a cervejaria. Negócios locais de produtos e serviços relacionados às áreas fabris ou de gestão de espaços físicos e pessoas já estavam no radar. A fábrica de latas seria o primeiro empreendimento do escopo.

A Heineken anunciou o aporte de R$ 1,8 bilhão na cidade no final de abril. Desde então, o movimento começou a acontecer em toda a região. Passos venceu a disputa que envolveu mais de 200 municípios mineiros que se candidataram para receber a planta, após a multinacional suspender o projeto em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A inauguração está prevista para 2025, mas, durante o anúncio, a empresa admitiu que poderá antecipar para 2024. Ao todo, serão gerados 350 empregos diretos no município e mais de 11 mil indiretos na região. A unidade de Passos será a 15ª da Heineken e irá fabricar cervejas das marcas Amstel e Heineken.

 

FÁBRICAS DE LATAS EM MINAS GERAIS

Caso se concretize, este será o segundo investimento em fábricas de latas de alumínio anunciado para Minas Gerais em menos de um mês. No fim de maio, a multinacional de embalagens Ardagh Group, com sede em Luxemburgo, confirmou a instalação de duas fábricas em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.

Terceira maior fabricante de latas de alumínio do mundo, a empresa vai investir cerca de R$ 2,4 bilhões nas novas unidades para produzir latas e vidros no Estado. As obras terão início no terceiro trimestre deste ano e a estimativa é que sejam concluídas em 2023. Já os empregos diretos podem chegar a 600.

O “Diário do Comércio”  antecipou informações sobre as negociações ainda em abril. Na época, uma fonte próxima às negociações disse que a empresa já havia concluído a compra de parte do terreno da Mercedes-Benz para a construção das plantas e que o comunicado oficial dependeria apenas de ajustes na negociação com o governo mineiro.

A Ardagh Metal Packaging é uma das líderes na produção e venda de embalagens de alumínio para bebidas e possui três unidades de produção no Brasil. Há fábricas de latas em Jacareí (SP) e Alagoinhas (BA) e uma fábrica de Tampas de Manaus (AM). As negociações para a vinda para Minas Gerais, segundo a fonte que pediu anonimato, duraram meses.

 

PASSOS VAI CRIAR UM CINTURÃO DE FORNECEDORES DA HEINEKEN

Nem um mês se passou desde que a Heineken finalmente anunciou o novo destino de sua fábrica em Minas Gerais, e a prefeitura de Passos já trabalha para formatar um cinturão de fornecedores para a cervejaria na região. Negócios locais de produtos e serviços relacionados às áreas fabris ou de gestão de espaços físicos e pessoas estão no radar. Aquecimento nos setores imobiliário e hoteleiro também já é aguardado para quando iniciarem as obras, previstas para o segundo semestre.

Em entrevista ao jornal “Diário do Comércio”, segundo o secretário Municipal de Planejamento, Edson Martins, a administração pública tem se reunido constantemente com a multinacional a fim de conhecer as necessidades e estabelecer critérios para montagem do portfólio. O Executivo também já está alinhado com o governo mineiro, por meio da Invest Minas (Agência de Promoção de Investimentos do Estado), para falar das potenciais empresas que poderão fazer negócios com a Heineken na região.

Além disso, já está sendo estruturado um arcabouço para formação e qualificação de mão de obra, bem como de estruturação do setor hoteleiro para suportar o aquecimento econômico generalizado que a implantação da fábrica promete gerar na cidade.

“Quando a empresa anunciou a desistência do investimento em Pedro Leopoldo (RMBH), entramos no processo. Contou a nosso favor o fato de o município já estar tecnicamente estruturado. E também outros atrativos que a empresa buscava, como a questão logística, a partir da nossa localização estratégica para o mercado que a Heineken visa atender neste primeiro momento; a disponibilidade e a qualidade da água, com o rio Grande cortando a cidade; e a questão socioambiental, já que estamos num local geograficamente sem impactos, apesar da proximidade com a Serra da Canastra”, explicou.

E, desde o dia 27 de abril, quando a cervejaria enfim anunciou o aporte de R$ 1,8 bilhão na cidade, o movimento começou a acontecer. Passos venceu a disputa que envolveu mais de 200 municípios mineiros que se candidataram para receber a planta, após a multinacional suspender o projeto em Pedro Leopoldo. A inauguração está prevista para 2025, podendo ser antecipada para 2024. Ao todo, serão gerados 350 empregos diretos no município e mais de 11 mil indiretos na região. A unidade de Passos será a 15ª da Heineken e irá fabricar cervejas das marcas Amstel e Heineken.

 

Estruturação para receber a Heineken

Conforme Martins, o primeiro passo para essa pujança econômica que Passos está prestes a viver foi a revisão do plano diretor da cidade. Segundo ele, o documento estava desfasado em quase 10 anos e a atualização permitiu uma expansão da área urbana do município. Dentro do plano, foram identificados alguns vetores de desenvolvimento na cidade e os arredores da área onde será instalada a nova fábrica da cervejaria, oficializados como prolongamento de um Distrito Industrial (DI), justamente para abrigar o cinturão de fornecedores.

“Há outras iniciativas que certamente vão contribuir para esse processo, como o programa de Retomada Econômica que fizemos em parceria com a Sede (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico) e o ‘Decreto de Liberdade Econômica’, que torna possível a aprovação de projetos no município. Há também a matriz Swot que estamos implementando, com o objetivo de conhecer as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças para atração de investimentos e negócios para a região”, completou.

Em relação aos esforços sobre a capacitação de mão de obra para atender a chegada da cervejaria na cidade, ele ressaltou a parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e citou as universidades já existentes na cidade e entorno. Em breve, a Heineken deverá divulgar detalhes das vagas de emprego que vai gerar.