Grupo de Alpinópolis faz prévia da “Paixão” em Belo Horizonte

"Crônicas da Paixão" comemora 40 anos de construção do principal atrativo de Alpinópolis; BH terá prévia do espetáculo no dia 1º/4, na Praça da Liberdade

Grupo de Alpinópolis faz prévia da “Paixão” em Belo Horizonte
O Calvário, um dos sete atos do espetáculo mineiro (GTO-MO/Divulgação)

A Sexta-feira Santa é a celebração da paixão e morte de Cristo, a história de fé mais antiga do mundo. Em todo o país, há encenações. A maior e mais famosa ocorre no palco de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, no sertão pernambucano.

Em Minas Gerais, além das celebrações religiosas nas cidades históricas, há uma versão mineira da Paixão de Cristo em cenário similar, em Alpinópolis.

A encenação da Paixão de Cristo deste ano na cidade tem um gosto especial: comemora os 40 anos de construção do Monte das Oliveiras, em 1983, palco ao ar livre da encenação, e os 20 anos do Grupo de Teatro do Oprimido, responsável pela encenação.

Além disso, representa a retomada do espetáculo três anos depois de interrompido pela pandemia de Covid,. em 2019.  “Crônicas da Paixão”, como foi rebatizada a 17º encenção pelo grupo, vem com algumas novidades, muitas expectativas e bons presságios.

Se até 2019 a versão da Paixão de Cristo era um espetáculo menor e sem repercussão, neste ano a encenação ganha apoio da administração municipal e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), como uma das ações do Projeto Minas Santa.

O Grupo de Teatro do Oprimiro foi convidado pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, para apresentar uma prévia do espetáculo no dia 1º de abril na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, seis dias antes da estreia na Semana Santa.

 

A encenação, que tem custo aproximado de R$ 100 mil, também recebeu verba de R$ 20 mil da prefeitura para confecção e renovação dos figurinos. A estrutura contará ainda com praça de alimentação, banheiros químicos e palco para show da banda Vida Reluz.

A prefeitura assumiu o projeto com o propósito de transformar Alpinópolis em referência de turismo religioso em Minas. Em um post no perfil do município no Facebook, o prefeito Rafael Freire deu a notícia. A expectativa é atrair até 15 mil visitantes na Semana Santa.

 

PALCO NATURAL

Mais modesto do que Nova Jerusalém, o Monte de Oliveiras é cenário bíblico a céu aberto e também uma atração turística aberta à visitação. Pertence à associação beneficente Apóstolos de Cristo.

Em 90 mil m², a estrutura se inspira em Jerusalém do “Velho Testamento” para erguer 30 monumentos, entre eles o Calvário, o Palácio de Herodes, a Fortaleza Antônia, o Santo Sepulcro, a carpintaria de José, a gruta onde nasceu Jesus, o Caminho da Judeia e a mesa da Santa Ceia. Tudo – muros, monumentos, caminhos e pórticos – foi construído com pedras abundantes na região. Uma das edificações abriga hotel com cinco quartos e duas suítes.

O apoio da prefeitura à encenação tem a participação de um personagem importante: José Geraldo da Silva, mais conhecido como Zgé, um dos fundadores do Grupo Teatro do Oprimido. Ele é o atual secretário de Cultura, Lazer e Turismo de Alpinópolis.

Zgé conta que o espetáculo muda todos os anos. O grupo adota a metodologia de trabalho do teatrólogo Augusto Boal, que reúne exercícios, jogos e técnica teatrais, segundo o próprio dramaturgo, para transformar o espectador em sujeito atuante, em transformador da ação dramática. Boal, por sua vez, foi influenciado pelo educador Paulo Freire.

Por esse motivo, as temáticas sociais da encenação se conectam às religiosas. Em anos anteriores, a Paixão de Cristo tratou de assuntos polêmicos como as queimadas e a situação dos povos originários oprimidos pelos garimpo, de questões raciais e da intolerância religiosa. Neste ano, o tema é o apocalipse, com uma conexão com a pandemia de Covid.

 

SETE ATOS

 “Crônicas da Paixão”, que comemora os 20 anos do grupo, terá apresentações na Quinta-feira Santa (6/4), às 16h, e Sexta-feira da Paixão (7/4), às 17h, no Monte das Oliveiras. O espetáculo está dividido em sete passagens bíblicas. Cerca de 100 atores amadores, todos membros da comunidade, com idades entre 2 e 53 anos, participam da encenação.

"As Sete Trombetas dos Anos", "Crônicas do Batismo", "Saga da Tentação", "Nova Versão de Herodes", "Simbologia e os Dogmas Audazes", "A Justiça Divina e os Doutores da Lei" e "A Árdua Via Dolorosa á Ressureição são os sete atos bíblicos. Os ensaios começam meses antes com reuniões para repassar o texto, discutir a proposta da encenação, distribuir os personagens e trabalhar a voz dos atores. Eles gravam as falas, mas na hora o público ouve a voz dos atores e a dublagem simultaneamente. Jesus será interpretado pelo ator Mateus Oliveira, 35. "Normalmente, o mesmo ator faz Cristo ao menos cinco anos", explica Zgé.

 

Serviço

"Crônicas da Paixão"

Quando: dia 1º/4 (sábado), às 16h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte; dias 6/4 (quinta-feira), às 16h, e 7/4 (sexta-feira), às 17h, no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis. Gratuito.

Informações: no site de Alpinópolis, Instagram / @prefeituraalpinopolis e Facebook / Prefeitura Municipal de Alpinópolis-MG ou pelo telefone(35) 3523-1808.