Atleta passense sofre discriminação em campeonato sul-americano de Karatê

Por causa dos protestos da delegação brasileira, organização do torneio resolveu suspendê-lo

Atleta passense sofre discriminação em campeonato sul-americano de Karatê
Árbitro uruguaio desclassificou Flávio Henrique porque observou que ele tem o punho do braço direito amputado (Divulgação)

O passense Flávio Henrique Faria sofreu na noite desta sexta-feira, dia 22, em Guayaquil, no Equador, talvez o maior constrangimento de sua vida como praticante do karatê. Assim que começou o combate contra Ordonêz Yaiel, atleta daquele país, pelo Campeonato Sul-Americano, o árbitro uruguaio, Carlos Pierasco, desclassificou o lutador brasileiro porque observou que ele tem o punho do braço direito amputado em um acidente doméstico sofrido em 2013, antes mesmo de iniciar a carreira de karateca.

O caso tomou tamanha proporção dentro do ginásio poliesportivo onde ocorriam as disputas, que toda a delegação brasileira invadiu o local gritando por vários minutos seguidos o nome de Flávio em forma de protesto. Depois todos assentaram próximo ao lado tatame e só saíram quando a organização do torneio resolveu suspendê-lo para decidir ao longo da noite, se o passense poderia participar do Sul-Americano neste sábado, dia 23. As informações são do técnico Reinaldo Alves do Nascimento, que está em Passos, mas em contato várias vezes por dia com Flávio, e familiares de mais dois karatecas que moram em Pouso Alegre, no Sul do estado.

“Nunca tinha visto isso na minha vida como atleta. E olha que já disputei brasileiros, sul-americanos, pan-americanos e mundiais. Meu aluno tem futuro e já querem prejudicá-lo por alguém, que na minha opinião, não tem poder para barrar o Flavinho de lutar, que já disputou brasileiros e um sul-americano na Bolívia, sem nenhum problema. Por que só agora? Considero a atitude do árbitro possivelmente como discriminação, talvez racial. Dirigentes e demais karatecas da delegação brasileira estão dando total apoio ao garoto, que está super abalado psicologicamente pela repercussão internacional sobre o caso”, afirmou ontem pela manhã Reinaldo, faixa preta e 6º DAN.

Até por volta de 12h deste sábado, o treinador de Flávio não conseguiu obter nenhuma informação sobre o andamento do campeonato que está previsto para se encerrar neste domingo, dia 24, e nem se o passense iria estrear oficialmente, já que a luta de sexta-feira contra o equatoriano Ordonêz Yael foi interrompida logo nos primeiros segundos pelo árbitro paraguaio, Carlos Pierasco. Até o início da tarde de ontem, a Confederação Brasileira de Karatê não tinha se manifestado sobre o fato, no seu site oficial.