Quem vai encarar a Faixa?

Observando

Quem vai encarar a Faixa?

 

Por um cronista desiludido, mas bem informado

Dificilmente já tivemos no Brasil um cenário presidencial tão embaralhado quanto o atual. O tempo está passando, mas os nomes seguem envoltos em suposições, silêncios estratégicos e especulações desencontradas. Uma coisa, porém, parece certa: teremos uma nova eleição altamente polarizada, com o combustível inflamável das redes sociais e o papel cada vez mais perigoso da desinformação — agora turbinada pela inteligência artificial.

O PT, sempre com seu discurso de "regulamentar as mídias sociais", vende a ideia de que pretende combater as fake news, mas na prática se interessa mesmo é por censura seletiva. Afinal, se os bolsonaristas são useiros e vezeiros na distorção da realidade, os petistas são seus espelhos invertidos. Vale lembrar: antes da internet, o PT já havia inventado a indústria do denuncismo e ajudado a destruir reputações com denúncias infundadas, fazendo da calúnia uma ferramenta de militância.

 

Luiz Inácio Lula da Silva

 

O atual presidente entra na reta final do seu mandato com a popularidade em queda livre. Diante disso, ao invés de promover ajustes na política econômica ou melhorar a interlocução com a sociedade, preferiu trocar o ministro das Comunicações por seu marqueteiro de campanha, numa tentativa de "embelezar o desastre" em rede nacional. A nomeação escancaradamente personalista mostrou que Lula ainda acha que marquetagem resolve tudo.

Mas, com a idade avançada e sinais já evidentes de senilidade preocupante, surgem dúvidas se ele realmente topará encarar as urnas. Uma derrota encerraria sua trajetória de forma melancólica — e Lula não parece disposto a se aposentar com esse carimbo na testa. Mesmo combalido, conta com um núcleo fiel, uma máquina partidária eficiente e o apoio de setores estratégicos que podem lhe garantir o segundo turno, ainda que num cenário adverso.

Entretanto, o desgaste com os escândalos de corrupção e o incômodo crescente com a figura de Janja, que virou uma espécie de "primeira-dama invasiva", antipática e onipresente, têm gerado ruídos até dentro do próprio PT. O carisma de Lula já não mascara o incômodo geral com uma gestão que tenta se vender como democrática, mas adora flertar com ditaduras sanguinárias.

 

Jair Bolsonaro

 

Inelegível, mas nem tanto. Embora esteja oficialmente fora da disputa por decisão do TSE, ninguém duvida que Bolsonaro segue sendo o maior nome da direita brasileira. Em tempos de decisões jurídicas oscilantes e convenientes, há quem aposte que sua sentença pode ser anulada — e ele voltar à cena como candidato competitivo.

Caso dispute, entra direto no segundo turno, embalado por sua base fiel e ressentida. Mas mesmo se não concorrer, Bolsonaro será o grande eleitor. Seu maior desafio? Controlar os filhos falastrões e parar de alimentar crises gratuitas. Se conseguir, terá chances reais de retornar ao Planalto — ou, ao menos, eleger seu sucessor.

 

Tarcísio de Freitas

 

Ministro brilhante da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio é o nome mais técnico e promissor da nova direita brasileira. Faz uma gestão eficiente, bem comunicada e livre de escândalos — o que por si só já seria um diferencial.

Mas há um porém: a política nacional não é um canteiro de obras. Será que Tarcísio, com todo seu preparo técnico, conseguirá sobreviver ao ambiente político nacional, repleto de rasteiras, chantagens e narrativas? Ainda falta-lhe traquejo político, musculatura ideológica e domínio do jogo bruto de Brasília.

Outro desafio será conquistar o eleitorado nordestino, pouco afeito a nomes paulistas. Um vice bem escolhido, com apelo regional, pode ser decisivo. Se Bolsonaro estiver fora, Tarcísio é o favorito da direita. Mas terá que aprender rápido que a faixa presidencial não se entrega a amadores — nem a engenheiros bem-intencionados.

 

Romeu Zema

 

Reeleito em Minas com bons índices de aprovação, Zema tem dificuldade em se projetar nacionalmente. Seu estilo discreto e discurso em mineirês, não ajudam fora dos domínios mineiros. Pouco dado à articulação política, pode acabar sendo vice — talvez compondo uma espécie de reeditação da política “café com leite”. Mas como sempre: e o Nordeste?

 

Michele Bolsonaro

 

Ex-primeira-dama carismática, fala bem, emociona a base evangélica e já é figura conhecida do eleitorado. No entanto, sua inexperiência política e administrativa pesa. O Centrão, sempre em busca de estabilidade e verbas, hesita em apoiar uma candidatura com base frágil. Carrega o DNA bolsonarista, mas ainda é um tiro no escuro.

 

Ronaldo Caiado

 

Reeleito em Goiás, bem avaliado, com bom trânsito entre ruralistas e setores do centro. Se apresenta como nome de equilíbrio e experiência, mas sua postura crítica ao bolsonarismo pode dificultar apoio na base mais radical da direita. Articulado, bom orador, mas ainda desconhecido em muitas regiões do país.

 

Ratinho Júnior

 

Popular no Sul, reeleito no Paraná, herda parte do carisma do pai apresentador. No entanto, ainda não se lançou como candidato e não construiu uma imagem nacional. Seu nome surge nos bastidores, mas é cedo para cravar qualquer protagonismo.

 

Eduardo Leite

 

Jovem, articulado, com discurso moderado e boas relações políticas, Eduardo Leite tenta se firmar como nome do centro. Trocou o PSDB pelo PSD e tenta se apresentar como “o outro caminho”. Agrada a setores da esquerda moderada e da direita liberal, mas sua principal dificuldade será convencer o eleitorado polarizado a trocar o confronto pelo consenso. E isso, num Brasil de extremos, talvez seja pedir demais. Além disso, escolheu o novo partido repleto de contradições: O PSD que compõe a base do presidente Lula, tem seu presidente e maior liderança Gilberto Kassab, ocupando a Secretaria de Governo de ninguém menos que o governador Tarcísio de Freitas. Quem vai decifrar esse enigma?

 

Vencer o desalento

 

Se essa for mesmo a lista de presidenciáveis para 2026, o eleitor brasileiro terá pela frente um novo dilema: não falta gente capacitada — falta confiança. Depois de anos de frustração, polarização e escândalos, boa parte da população olha para a política com descrença .

Mas o voto continua sendo nossa única arma legítima. A esperança, por ora, parece silenciosa. Mas ela ainda está viva, à espera de um nome que inspire:  inspire respeito e vontade verdadeira de mudar.