Enquanto Eles Têm Cargos, Nós Temos Coragem

Observando

Enquanto Eles Têm Cargos, Nós Temos Coragem

Não se governa com favores, se governa com verdade. E a verdade começa a emergir do cansaço do povo.

 

As promessas não sobem escadas

Todo ciclo eleitoral começa com um desfile de promessas: saúde que vai funcionar, escolas reformadas, ruas asfaltadas, servidores valorizados. Uma cidade de maravilhas. Mas, passadas as urnas, as promessas ficam no palanque e não sobem as escadas da Prefeitura. A prática revela o velho script: propaganda bem produzida, manchete bem paga e um governo que só serve para manter o show. O eleitor, que acreditou na transformação, vê mais um mandato escorrer pelo ralo da vaidade política.

 

A farsa da governabilidade: alianças que matam ideias

 

Os programas de governo são engavetados logo nos primeiros meses. As desculpas são conhecidas: “herança maldita”, “ajustes necessários”, “negociações políticas”. Traduzindo: cargos trocados por apoio, incompetentes nomeados por conveniência, e ideias sufocadas pelas amarras do toma-lá-dá-cá. O governo vira uma colcha de retalhos — onde falta tecido e sobra costura mal-feita.

 

Marketing tapa buraco, mas não cura fratura

 

Governos que investem mais em propaganda do que em políticas públicas vivem da ilusão. Criam um mundo paralelo onde tudo é perfeito. Mas nas ruas, a realidade grita: buracos, filas, abandono, asfalto que não dura dois meses (foto). Não há maquiagem que o povo não desfaça com os próprios pés. E quando a dor é vivida no concreto — e não na ficção do Instagram oficial — nem o marqueteiro mais criativo consegue esconder o fracasso.

 

O povo que cobra só de 4 em 4 anos

 

Grande parte da tragédia política se explica por um detalhe: o desinteresse popular fora do calendário eleitoral. A indignação dura o tempo da propaganda adversária. Depois, o cidadão se cala — e o poder agradece. Porque onde há silêncio, há espaço para a mentira prosperar. E onde não há cobrança, reina a impunidade da promessa não cumprida.

 

Da esperança ao enjoo: a ressaca democrática

 

A política deveria ser instrumento de transformação, mas virou antro de promessas vazias. Escândalos, negociatas, cinismo. O que era para ser construção virou negócio. E o eleitor, cansado de cair no mesmo conto, ou se abstém ou se resigna, a cada dia aumenta mais o desinteresse popular. A esperança, maltratada, cede lugar à apatia. Mas essa é justamente a armadilha: fazer o povo desacreditar para que os mesmos de sempre permaneçam.

 

O lado de cá: onde a luta ainda pulsa

 

Sim, ainda há gente que acredita. Gente que insiste em cobrar, em fiscalizar, em denunciar. Que enfrenta o jogo sujo, a perseguição sistemática, a máquina de difamação movida por cargos e favores. Gente que resiste ao tiroteio insano e vigarista promovido por batalhões de apaniguados — esse exército de bajuladores que se pendura nas tetas do poder em troca de carguinhos, vantagens e vaidades.

Mas quem está do lado certo da história aprende a apanhar com honra. E quanto mais as máscaras da demagogia caem, mais se fortalece a convicção de que essa luta — embora desigual — é o único caminho possível para se conquistar um amanhã decente.

 

Quando nasce um novo dia

 

Toda cidade, mais cedo ou mais tarde, cansa da mentira. Porque chega uma hora em que nem o marketing, nem os vídeos, nem os discursos conseguem abafar o som do povo reclamando, a dor de quem espera por atendimento, a revolta de quem paga imposto para financiar propaganda. É aí que se abre o horizonte de um novo dia. Um tempo onde a coragem de uns poucos começa a contagiar a indignação silenciosa de muitos. E aí, sim, nasce a aurora de uma mudança verdadeira.