Governador de Minas 2026: A Passarela dos (Des)Esperados
Observando

Com a sucessão mineira cada vez mais em ebulição, os nomes começam a pipocar como pipoca de micro-ondas em fim de mandato. E, como sempre, Minas Gerais faz questão de mostrar que não é para amadores. A disputa pela Cidade Administrativa promete misturar estratégia, vingança e oportunismo — com pitadas generosas de ego, ressentimento e falta de opção. A seguir, os destaques do reality show que vai escolher o novo síndico do segundo estado mais importante do Brasil (e o mais desconfiado, naturalmente).
Mateus Simões: O Dono da Prancheta e da Caneta
Vice-governador e já atuando como se o “vice” tivesse ficado só no papel, Simões circula por Minas com a tranquilidade de quem tem o Diário Oficial no bolso e a agenda de eventos do governo no Google pessoal. Centro-direita assumido, ele já tem a chave da Cidade Administrativa e só falta trocar o crachá. Resta saber se vai ter voto para justificar tanta pose. Por enquanto, finge que não é campanha, mas já conhece o nome de todos os prefeitos do Norte ao Sul do estado.
Rodrigo Pacheco: O Mestre do Tempo Mineiro (Vai, Mas Não Vai)
Rodrigo Pacheco é aquele sujeito que, quando te chamam pra uma decisão, responde com um "pois é..." e vai embora pensando. Com o apoio declarado de Lula, Pacheco poderia estar decolando rumo à Cidade Administrativa, mas prefere manter o modo “em cima do muro”: observando de longe, cheirando o cafezinho, esperando o melhor momento — que, ao que tudo indica, nunca chega. A direita já não suporta ouvir seu nome, o agro quer distância, e a esquerda só o tolera porque... bem, porque o PT em Minas está numa miséria de nomes. No fim, Pacheco pode até sair candidato, mas vai ter que correr atrás do tempo que gastou parado em cima do muro.
Alexandre Silveira: Plano B com C de Centrão
Ministro de Lula e velho conhecido dos bastidores mineiros, Silveira vive na sombra de Pacheco e pronto para assumir o palanque se o outro escorregar na indecisão. Se virar o nome do Planalto, será única e exclusivamente por falta de alternativa no PT mineiro, que já tentou de tudo, inclusive fazer Rogério Correia parecer moderado (spoiler: não deu certo). Silveira é o tipo que sorri em foto oficial e negocia cargo no bastidor. Tem força? Tem. Carisma? Nem tanto. Mas com verba federal, até discurso sem alma vira jingle.
Marília Campos: A Quase, Mas Nem Quis
Prefeita de Contagem e única figura petista com alguma densidade eleitoral em Minas, Marília Campos segue fazendo o que sempre fez: governando a cidade e deixando claro que não será candidata a governadora. Moderada demais para a militância radical e independente demais para o diretório estadual, Marília assiste de camarote à bagunça petista, sabendo que não é hora — nem vontade — de entrar nessa dança. O PT até tentou empurrá-la, mas ela bateu o pé, fechou a porta e devolveu o convite com educação e um leve sorriso.
Cleitinho: O Candidato da Web e do Povo
Líder em todas as pesquisas, Cleitinho é o nome que assusta tanto a esquerda gourmet quanto a direita mais tradicional. Autêntico, direto, popular e com carisma de youtuber raiz, ele fala como o povo e, pior (para os adversários), o povo entende e gosta. Corre por fora, mas vai na frente. Com um pé no conservadorismo e outro no populismo digital, Cleitinho busca montar uma aliança à direita — e já tem no PL de Nikolas Ferreira um possível aliado de peso. Se não tropeçar em sua espontaneidade, pode ser o nome a ser batido em 2026.
Nikolas Ferreira: O Fenômeno das Urnas (e dos Reels)
Nikolas é o tipo de político que dispensa santinho — ele imprime voto com curtida. Sua popularidade é tão consolidada que qualquer menção à sua possível candidatura já tira o sono de adversários e anima a base conservadora. Jovem, carismático e com domínio absoluto das redes, Nikolas fala direto com o povo, sem filtro, sem roteiros, e sem medo de polêmicas. Se decidir disputar o governo de Minas, vira favorito automático. Se optar por manter-se na Câmara, ainda assim será o maior puxador de votos do PL em Minas (e talvez no Brasil). O dilema é estratégico: concorrer ao cargo máximo do estado agora ou turbinar a bancada da direita para 2026? De uma forma ou de outra, seu nome está no centro do jogo — e ele sabe disso.
Alexandre Kalil: O Candidato Ressentido
Kalil ainda não superou a derrota para Zema no primeiro turno em 2022. Desde então, mastiga rancor com pão de queijo e sonha com uma revanche — embora sua capacidade de construir alianças tenha derretido como picolé de limão no asfalto de BH. A esquerda que o apoiou sumiu, o centro tem medo da próxima explosão, e a direita nem cogita. Mas Kalil insiste. Pode até não vencer, mas vai deixar a campanha animada — nem que seja à base de berros e frases de efeito malcriado.
Minas 2026: O Cardápio Está Servido (Mas o Banquete Ainda É Incerto)
O eleitor mineiro, acostumado a desconfiar até de sombra, já começa a olhar para 2026 com aquele misto de cansaço e curiosidade. A fila de pré-candidatos mais parece um cardápio de restaurante: tem o prato feito da máquina pública (Mateus Simões), o filezinho federal ao molho petista sem tempero próprio (Pacheco ou Silveira, dependendo do humor de Lula), uma sobremesa azeda com gosto de revanche (Kalil), e dois influencers que botam mais medo em marqueteiro do que pesquisa qualitativa — Cleitinho e Nikolas.
Enquanto isso, o PT mineiro parece estar de dieta: sem apetite eleitoral, sem nomes fortes e torcendo para que alguém de fora pague a conta. A direita, por outro lado, está em festa. Com Nikolas e Cleitinho no centro da pista, e um PL pronto para montar palanque até em curral, o desafio agora é evitar que os egos se atrapalhem na hora do brinde.
O mineiro, como sempre, vai olhar tudo calado, levantar uma sobrancelha, e decidir só na última semana. Isso, se até lá ainda tiver candidato em pé e promessa em pé de guerra.